quinta-feira, 3 de maio de 2007

Por vontade de Marques Mendes Lisboa irá a votos

Os habitantes de Lisboa deverão voltar às urnas pela mão do líder do PSD, Marques Mendes, que ao fim de 8 meses de crise percebeu que a autarquia liderada pelo independente Carmona Rodrigues se tinha tornado ingovernável. O dirigente social-democrata disse contar com a anuência do autarca, mas horas depois de ele ter anunciado eleições percebia-se que ainda havia a possibilidade de Carmona insistir em manter-se no cargo.
A decisão da cúpula do PSD passava pelo afastamento temporário de Carmona até se esclarecer se a sua condição de arguido no processo Bragaparques se agravava com uma acusação do Ministério Público ou se ele seria ilibado. Marina Ferreira, número três das listas, assumiria entretanto a presidência. Até ontem à tarde era este o cenário mais provável. Terá sido o receio do regresso à autarquia do até à pouco tempo vice-presidente da câmara, o também independente Fontão de Carvalho, igualmente arguido no caso Bragaparques e acusado noutro processo ligado à Empresa Pública de Urbanização de Lisboa, que fez a direcção do PSD optar por pedir aos vereadores eleitos nas listas sociais-democratas para renunciarem aos mandatos. Por outro lado, o líder do PSD temeu ficar refém do presidente da câmara.
(…)
Pouco depois era a vez de os socialistas retirarem os dividendos políticos da situação, responsabilizando pessoalmente Marques Mendes pela ingovernabilidade a que chegou a autarquia, por ter sido sua a escolha de Carmona. Pela voz de Vitalino Canas, o PS acusou o PSD de ser o “partido da instabilidade”. “Foi assim no Governo do país, é assim na Madeira e é agora também na Câmara Municipal de Lisboa”, referiu. E exigiu que se realizem também eleições para a Assembleia Municipal, órgão fiscalizador da actividade da câmara que neste momento não está em causa e no qual os sociais-democratas têm maioria absoluta. “Não é altura para o PSD se agarrar aos lugares na Assembleia Municipal”, declarou o porta-voz dos socialistas, alegando que só assim Lisboa conseguirá estabilidade, uma vez que muitas das propostas aprovadas na câmara necessitam também de ser sancionadas por este órgão.

Ana Henriques com J.A.C.
In Público, 03.05.2007

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